“NÃO COMO ALIMENTOS COM GLÚTEN PORQUE TENHO ALERGIA”

“NÃO COMO ALIMENTOS COM GLÚTEN PORQUE TENHO ALERGIA”

Este é certamente um dos temas cuja explicação se deve começar, permitam-se a redundância, mandatoriamente pelo inicio, dada a popularidade ganha nos últimos anos na (des)culpabilização pelos mais variados efeitos negativos na saúde e bem estar geral!

O glúten constitui uma proteína que se encontra nos cereais de trigo, centeio e cevada, podendo originar uma resposta inflamatória a nível intestinal, dado que não é completamente digerida pelas enzimas segregadas pelo sistema digestivo.

Na Doença Celíaca esta resposta inflamatória tem como consequências a lesão e atrofia das microvilosidades intestinais, que constituem marcadores patognomonicos desta doença.

Como resultado não ocorre absorção nutricional, causando os mais variados transtornos gastrointestinais como flatulência, distensão abdominal, diarreia, letargia, défices nutricionais, e consequentemente atraso no crescimento e desenvolvimento.

Portanto, estamos perante uma doença grave, cuja única “solução” passa pela evicção total de qualquer produto que contenha glúten.

Entenda-se com isto, que esta moda de não posso comer nada que tenha glúten, porque sou intolerante, deveria ser sancionada cada vez que fosse repetida com toda esta leviandade!

Posto isto, existe ainda outra condição na qual os indivíduos podem igualmente beneficiar da eliminação de glúten da dieta, designada por Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca, que apesar de gerar sintomatologia similar, a mesma não advém de qualquer dano provocado nas microvilosidades intestinais.

Na realidade, quando se eliminam alimentos com glúten, retira-se também fibra insolúvel, e para tal deve existir o cuidado em incluir alimentos que providenciem a quantidade diária de fibra necessária.

Por outro lado, o facto de se proceder à substituição integral de produtos com glúten por alimentos gluten free, não significa que se tenha em mão um superalimento (tema a discutir num próximo artigo), bem pelo contrário, em muitos casos!

E neste sentido uma dieta à base de alimentos gluten free, que podem ser ricos em gordura e açúcar, e totalmente pobres em micronutrientes, jamais poderá ser encarada como uma dieta equilibrada e variada e muito menos como a solução milagrosa para todos os males, sobretudo no caso de emagrecimento.

Fonte da imagem: Gluten free

Referências bibliográficas: Bascunan KA, Vespa MC, Araya M. Celiac disease: understanding the gluten-free diet. European journal of nutrition. 2017;56(2):449-59. | Vici G, Belli L, Biondi M, Polzonetti V. Gluten free diet and nutrient deficiencies: A review. Clin Nutr. 2016;35(6):1236-41. | Lebwohl,B., J.F. Ludvigsson. Green, Celiac disease and non-celiac gluten sensitivity. BMJ, 2015. | Lammers, K.M., et al., Gliadin induces am increase in intestinal permeability and zonulin release by binding to the chemokine receptor CXCR3. Gastroenterology, 2008. | Vasquez-Roque, M. e A.S. Oxentenko, Nonceliac Gluten Sensitivity. Mayo Clin Proc, 2015. | De Palma, G., et al., Effects of a gluten-free diet on gut microbiota and immune function in heakthy adult human subjects. Br J Nutr, 2009.


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