SABE QUÃO O STRESS PODE INFLUENCIAR AS SUAS ESCOLHAS ALIMENTARES?! 🍟🍕🍦🍩💙

SABE QUÃO O STRESS PODE INFLUENCIAR AS SUAS ESCOLHAS ALIMENTARES?! 🍟🍕🍦🍩💙

A obesidade é considerada uma doença crónica e em Portugal o número de indivíduos obesos tem vindo a aumentar, verificando-se maior prevalência nas classes sociais mais desfavorecidas.

Como já descrito em artigo anterior a Organização Mundial de Saúde caracteriza a obesidade pela acumulação excessiva de gordura corporal, causada por um balanço energético positivo oriundo da excessiva ingestão alimentar e de um gasto energético diminuto, comuns do estilo de vida urbano. O aumento de ingestão energética ocorre devido à maior disponibilidade de alimentos prontos a comer e o baixo custo de alimentos e bebidas de elevada densidade energética, (algo que se tem vindo alterar, como a taxa que atualmente é aplicada no caso dos  refrigerantes, e reduzida densidade nutricional.

São inúmeras as comorbilidades associadas à obesidade visceral como: Diabetes Mellitus (DM) tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial, doença vascular cerebral, e também alguns tipos de cancro (endometrial, mama e cólon), entre outras. Em relação à obesidade subcutânea encontram-se associadas doenças ortopédicas e alterações psicossociais graves.

Os fatores implicados nesta doença são múltiplos e complexos, desde fatores genéticos, ambientais, comportamentais, metabólicos, privação de sono e também estados de stresse crónico.

Relativamente à importância do stresse nesta doença, tem sido reportado em humanos que situações de stresse crónico se associam ao maior desejo de ingestão alimentar, onde se inclui o distúrbio binge eating, correlacionando-se por sua vez com o ganho ponderal/obesidade sobretudo em mulheres.

Numa situação normal, a resposta ao stresse é iniciada pela ação da hormona libertadora da corticotrofina (CRH) no eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal (HPA), estimulando a secreção da hormona adrenocorticotrófica (ACTH) que promove a libertação de cortisol que por retroação negativa inibe a libertação adicional do mesmo, de forma a manter a homeostasia ou atingir a alostase. Indivíduos que apresentam níveis de stresse crónicos manifestam hiperativação do eixo HPA e, consequentemente, hipercotisolemia e dessensibilização do eixo HPA à retroação negativa. Nesta circunstância, a obesidade abdominal é explicada pela ligação dos glicocorticóides aos respetivos recetores, com maior predominância na gordura abdominal, que na presença de insulina inibe a lípase das lipoproteínas que por sua vez diminui a mobilização de lípidos, resultando na sua acumulação na região abdominal.

Em mulheres, valores elevados de cortisol promovem a ingestão dos denomidados “alimentos conforto”, possivelmente devido à modificação na regulação do apetite, através da elevação do neuropéptideo Y e da atenuação dos efeitos da leptina, traduzindo-se de um modo geral no aumento da ingestão alimentar.

Os “alimentos conforto” são assim designados por serem consumidos em situações de stresse psicológico, como forma de recompensa, apresentando boa palatabilidade e elevado valor energético, devido aos teores de gordura e/ou açúcar elevados. Consequentemente, a ingestão destes alimentos parece diminuir a ativação do eixo HPA, pois atenua a libertação de ACTH e a subsequente secreção de cortisol em stresse agudo e crónico.

A dopamina também influencia este eixo, dado que na recuperação do stresse inibe a libertação de CRH por retroação negativa, e consequentemente a secreção de cortisol. Assim, a ingestão destes alimentos reduz a resposta fisiológica ao stresse, devido ao seu valor hedónico que através da ativação do circuito de recompensa reduz a ansiedade e promove a melhoria de estados emocionais.

É de realçar que, a própria restrição energética, muitas vezes realizada de forma “não controlada”, com objetivo de redução ponderal, constitui um fator de stresse crónico, que contraria o objetivo inicial e culmina no aumento de ingestão energética.

Dada a crescente exposição a fatores de stresse, o fácil acesso a alimentos de elevada densidade energética e à associação destes com a obesidade, por vezes torna-se necessário a inclusão de alimentos conforto no plano alimentar com restrição energética permitindo a redução da sensação de stresse em simultâneo à redução ponderal.

 

Referência: Modelo teórico da ingestão induzida pelo stresse, como forma de recompensa. (Adaptado de Physiology & behavior. 2007; 91(4):449-58.)


Achou interessante? Partilhe este artigo:


Ao continuar a visitar este website está a concordar com a utilização de cookies. mais informações

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close